Manuel bandeira / El cactus

Aquel cactus recordaba los desesperados gestos de la escultura:

Laocoonte oprimido por las serpientes,

Ugolino y los hijos hambrientos.

Evocaba también el seco nordeste, palmeras, pobres matorrales...

Era enorme aun para esa tierra de grandezas excepcionales.

Un día, un huracán furibundo lo arrancó de cuajo.

El cactus cayó a lo ancho de la calle.

Rompió las cercas de las casas.

Impidió el tránsito de tranvías, automóviles, carros.

Arrancó los cables eléctricos y durante veinticuatro horas privó a la ciudad de

iluminación y energía:

Era bello, áspero, intratable.

Manuel Bandeira (Recife, Brasil, 1886 -Río de Janeiro, Brasil, 1968)

Versión de Santiago Kovadloff - http://adncultura.lanacion.com.ar/nota.asp?

O cacto

Aquele cacto lembrava os gestos desesperados da estatuária: / Laocoonte constrangido pelas serpentes, / Ugolino e os filhos esfaimados. / Evocava também o seco nordeste, carnaubais, caatingas... / Era enorme, mesmo para esta terra de feracidades excepcionais. // Um dia um tufão furibundo abateu-o pela raiz. / O cacto tombou atravessado na rua,/ Quebrou os beirais do casario fronteiro, / Impediu o trânsito de bonde, automóveis, carroças, / Arrebentou os cabos elétricos e durante vinte e quatro horas privou a cidade de iluminação e energia: // - Era belo, áspero, intratável.

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Foto: Leopoldinense